domingo, 28 de março de 2010

Vixxxi, tanta coisa aconteceu deste a última vez que escrevi..coisas boas e ruins, e rolos, tantos rolos que estou escrevendo da cidade de Niagara Falls. Não por que vim fazer turismo e conhecer as famosas quedas.. mas por que tive que cuidar de problemas com documentos canadenses e simplesmente tive que cruzar a fronteira pros States para resolver tudo.

Mas antes de contar essa longa história, deixa eu me lembrar do que aconteceu nos últimos capítulos de fevereiro.


Jéssica

Jessica, minha conselheira na escola, gente finíssima de El Salvador, me chamou para sair após o turno dela. Como eu realmente gosto de jogar e me fazer de difícil, aceitei na hora.(só amizade gente) Ela ia me apresentar um bar que ela gosta (por que a cerveja é barata, achei que ia fazer a festa aqui, mas alcoolicos são muito caros, muito mesmo. Até a venda é feita só em alguns lugares, e você não pode nem transportar alcóolicos abertos na rua). Passamos antes num prédio onde se concentram muitos artistas e empresas que trabalham com produção de arte, não deu para ver muito, mas lá dentro era bem legal (lá fora a cidade tava um inferno por causa da quantidade de neve). Fomos pro bar e foi uma noite bem boa por que foi a primeira vez que tive horas de boas conversas em inglês.. da a sensação de que você etá avançando. Boa parte da noite Jéssica ficou me falando sobre os podres do Canadá, ela é bem revoltada por que ela está "presa" aqui por quase 3 anos. É uma história bem estranha, nem sei bem se acredito em tudo, mas resumindo..ela está aqui a 3 anos enquanto o governo resolve se ela vai ser aceita como cidadã, observação: ela entrou ilegalmente pelos EUA. Enquanto o governo não decide, ela fica aqui, quando ele decidir o que ela vai fazer? Voltar para El Salvador.. entre as cervejas não lembro mais qual era a lógica dela para isso. Eu acho que deve ser ter um backup, o país dela é muito complicado, teve uma longa guerra-civil a um tempo atrás.. meu chute é que deve ser um backup.


Casa Nova

Boas notícias, eu mudei de casa. Minha primeira homestay era até gente boa, mas não encaixei muito bem lá..era um pouco difícil ficar a vontade com dois cachorros dentro de casa (eram até muito bons cachorros) vindo me lamber de vez em quando, mas o que não dava para aceitar era minha homestay lidando com os cachorros e com as coisas da cozinha ao mesmo tempo, ela lidava com eles quase como se fossem gente. Em um mês lá nunca vi ela, professora de enfermagem, lavar as mãos. Então mudei.

Agora estou num lugar um pouco mais longe, mas chego na escola e downtown mais rápido porque moro a 200 mts do metrô. Além de ficar do lado de duas importantes avenidas da cidade. Mas não é só a localização que é boa e me possibilita chegar nas praias em 10 minutos, to pagando 450 dólares aqui, uma pechincha. Eu fiquei procurando casas por um tempo no craigslist.com (excelente site, mas infelizmente pouco difundido no Brasil), e já tava quase desisitindo porque via quartos em lugares bem ruinzinhos por 500 dólares. Na verdade, eu cheguei a desistir, ia conversar com Deborah (minha homestay) para ver quanto ela queria para eu ficar lá (mas comigo preparando minha comida), mas recebi um e-mail marcando minha visita no dia seguinte as 5PM. A oferta era de 450 dólares, já fui sem esperança, mais por que tava marcado mesmo, mas a surpresa.. O lugar é quase perfeito.

Cheguei na casa coincidentemente junto com a mulher que respondeu meu e-mail (Robyn, gente finíssima), e Karen estava lá dentro já. Robyn me mostrou o quarto. Fica no basement (porão), vou chamar de basement por que porão no Brasil soa muito mal, mas aqui eu tenho minha própria cozinha e banheiro (enquanto o japonês não chegar no final do mês para ocupar o outro quarto. É quase uma casa separada do restante. Meu quarto inclusive tem televisão, aparelho de som, um pequeno closet e uma minúscula janela na altura da superfície. O único problema aqui é a altura do teto, não em todo quarto e não em todo basemente, mas as vezes eu tenho que me abaixar para andar em alguns lugares, outro dia fui virar um copo de água até acabar, tombei a cabeça para cima para beber tudo e bati o copo no teto. Ao menos até agora ainda não bati a cabeça, vamos ver se mantenho a marca até o próximo post.

Outro dia perguntei pra Karen como eles faziam para beber água aqui, ela assim como Deborah, bebe dá...torneira. Eu ainda insisti um pouco com ela.. disse que não duvidava da qualidade do tratamento da água, mas dos encanamentos. E ela, no cume do orgulho canadense da nossa conversa disse que aqui não era a India ou Nigéria, era o Canadá, e Toronto tem água de excelente qualidade! Eu quase falei: Sir, yes sir! Mas insistir na conversa seria estúpido.

Isso é interessante por que me faz lembrar dos momentos em que percebo que os canadenses acham que vivem no melhor lugar do mundo, quase na perfeição (exceto pelo clima, que varia tanto nos extremos e neva em 5 a 7 meses do ano (isso por que estou numa das cidades mais quentes do país) que pelo menos isso eles sabem que não tem de tão bom, mas com relação ao clima, o que eles poderiam fazer?). Realmente o País é uma maravilha em termos socias (e a cultura eu gosto bastante também), mesmo tendo mais pobres e pessoas sem casa do que eu esperava.. talvez minha expectativa tenha sido alta demais. Mas aqui não é o paraíso na terra, tanto que não fosse a alta imigração, estaria perdendo população. Muita gente aqui vai pros EUA. Pois é, achou que eram só os latinos.. os americanos ganham mais que os canadenses e tem um clima melhor, apenas por isso. Então os canadenses deixam suas rixas com os States de lado (e não são poucas) e vão prá terra do Tio Sam ganhar em dólares..americanos.
Exemplo de que o pessoal larga o Canadá: Toronto. É um exemplo extremo, mas não é muita gente em Toronto que nasceu em Toronto. Incrível, mas quem nasceu aqui é quase atração. Metade da cidade nasceu noutro lugar do mundo e na outra metade, boa parte nasceu em outras cidades do Canadá. Num dos últimos dias que eu tava morando com a Deborah ela disse: "Tinha um rapaz do outro lado da rua que nasceu aqui..mas ele se mudou."


Saindo

Nesse periodo não tenho saído muito (menos que em SP).. tenho que esperar começar a trabalhar para aproveitar mais por que tudo é bem carinho por aqui, até o cinema que fica entre 13 e 16 dólares (25-30 reais). Enquanto eu não começar a trabalhar não posso seguir a crença do "Quem converte não se diverte". Então nao saio muito. Mas esse não é o único motivo. Estou me enturmando menos com o pessoal da escola do que eu esperava (já até saí sozinho, mas não é fácil conhecer alguém assim, do nada).
Existem basicamente 5 grupos de pessoas na escola, japoneses e coreanos (80%) e que são não completamente fechados, mas um pouco sim (são mais tímidos e reservados) e acabam, assim como os demais grupos, andando entre si, este sim o grande problema. Os outros grupos são de poucas pessoas e são: brasileiros, latinos e alemães. Esses ainda se entrosam um pouco, mas em geral ainda o povo tende a andar com quem fala sua lingua. Um pouco do problema é a idade, em geral (não é todo mundo) o pessoal é meio novo e na minha opinião, não está preparado para tentar "imegir" num outro mundo. Eu, que nunca tive um grupo na vida, pelo menos não um fechado, acabo ficando na minha, e saio e faço coisas com os outros mais no final de semana mesmo.

Eu não entendo como as pessoas vem para Toronto para "viver essa vida". A cidade (e a própria escola) está cheia de pessoas novas, mas as pessoas procuram seu idioma, sua comida, sua música,... Deviam ter ficado por lá talvez. Isso me frustra um pouco, por que é muito caro viver aqui, pagar a viagem, estadia, etc etc.. mas acabou a aula e quase todo mundo fala seu idioma na rua o resto do dia, as vezes até dentro da escola (o que e proibido com severas punições, na terceira vez que é pego você já é mandado embora, sem discussão). Eu concordo em falar uma vez ou outra nas ruas, é até aliviador poder transmitir qualquer coisa que você quer sem dificuldade alguma depois de dias guardando algumas coisas que não deu para explicar ou guardando as piadas que você teve que deixar passar, mas do jeito que a maior parte do pessoal vive aqui, eu acho que falta um pouco de abrir a cabeça para coisas novas (tô até comendo coisas que espero não gostar) e de manter o objetivo do idioma na cabeça. Por que essa vida canadense passa, e um dia estaremos de volta nos nossos países.


Social Insurance Number

Um tempo atrás eu tentei pegar meu Social Insurance Number, que é o meu registro e autorização para trabalhar aqui. Só que me falaram que eu precisava de um papel que eu recebi no aeroporto. Já ouvi essa frase em um banco aqui que eu não pude abrir a conta, por que? Por que eu não recebi papel nenhum.
Fui no lugar que me indicaram para ver se podia pegar o papel, que era minha autorização de um oficial da imigração para trabalhar e estudar aqui. Fui lá, e tive que ir mais de uma vez, me serviu para descobrir que eu teria que ir pegar esse papel no aeroporto.
Fui no aeroporto, achei o lugar da imigração. A mulher me deu um atendimento ótimo, ficou brava comigo por que tinha mais de um mês que eu estava ali e não peguei o papel. E tem que pegar assim que chega. Eu disse que ninguém me avisou que eu tinha que ir numa sala a parte no aeroporto receber as autorizações, que só me falaram que eu estava ok e com tudo certo. Mas a mulher estava brava e começou a falar com outros oficiais da imigração que apareceram, ficaram bravos..fui começando a ficar com medo de ser deportado. Cruz credo vixi maria! Mas, eu podia aquietar o coração. Era só eu sair do país e voltar que eles poderiam me dar a autorização. Soluções possíveis: -Voar para algum pais e voltar, e o Canadá está isolado ao norte dos EUA, ou -Ir pros EUA, o que eu não tenho autorização, e voltar.
Mas eu sou brasileiro, e como a oficial canadense viu isso no meu passaporte, ela me deu uma terceira alternativa. Eu podia sair do Canadá, ir para lugar nenhum e voltar. O plano era: Tem uma ponte nas Niagara Falls que de um lado é Canadá e do outro é EUA, eu vou até o ponto em que não é mais Canadá e volto antes de chegar nos EUA. Fácil (demais para ser verdade).

Tinha um tour da escola para Niagara Falls no sábado, eu tinha dois dias para me acertar e ir com eles. Mas resolvi fazer minha aventura, viajar sozino prá lá e ficar livre para resolver meu problema. Um dos motivos para ir por conta própria é que eu ia pelo Go System. Onde eu pegaria aquele trem que me deixou na mão quando eu cheguei aqui, e eu coloquei na cabeça que eu ainda usaria aquele trem algum dia. Comprei minha passagem ida e volta, fui para a maior estação de Toronto e rodando perdido pra aqui e pra ali naquele dia gelado, consegui embarcar no trem e fazer a viagem. Foi bem legal por que ia vendo o interior do Canadá, o qual é bastante habitado nos 100 primeiros quilometros. Mas o legal mesmo é o trem, enorme e super-confortável, com dois andares e todo bonitão, impressionante!

Fui lá prás Niagaras e foi um dos melhores das aqui. Eu me sentindo totalmente livre e perdido no mundo. O clima estava horrível e eu estava ficando cada vez mais molhado com a chuva que não parava de cair, mas a situação de adrenalina por atravessar a ponte sem saber que tudo ia dar certo ajuda a melhorar tudo.

Me informei que eu devia ir sim até o outro lado, e nao até a metade da ponte. Então eu fui, eu, minha mochila e mais ninguém..tudo bem vazio por que o mundo tava caindo. Cheguei nos States e falei pro oficial, depois que ele me mandou tirar a mão do bolso: Na verdade eu não estou tentando entrar, vim aqui só pegar um papel que fala que eu estive aqui por que preciso mostrar isso no Canadá.

Dai a pouco ele volta com meu passaporte e com o papel, voltei da minha viagem nos EUA e consegui resolver o que eu precisava no Canadá, após alguns apertos por que o oficial canadense claramente não gostou de mim. Mas tudo bem, o que importa é que consegui meus papéis para poder trabalhar e estudar aqui.

Antes de voltar pra Toronto fui ver as quedas e rodei a cidade. As quedas são bem bonitas, especialmente as canadenses. O Canadá teve mais sorte na partilha, muito mais, até para ver as quedas americanas é melhor do lado canadense. Mas não tem muito o que se fazer ali, então, eu que já estava molhado não até a barra da calça, mas até a cintura depois de horas caminhando sobre chuva a 2 graus Celsius mais ou menos, tomei quase um litro de chocolate quente, que é o que estava me salvando a vida enquanto eu comecei esse post antes de ir emboa para Toronto, encharcado e destruído, mas com meus papéis na mochila.


St.Patrick´s Day
Teve um dia que saí que foi bastante interessante e não dá para deixar de contar, m dos mais loucos que já tive.. St. Patrick´s Day!!! (Se você não sabe o que é St, Patrick´s Day vai ter que pesquisar. Me recuso a explicar aqui o dia mais imporante do ano hehehe http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_de_São_Patrício ou melhor http://en.wikipedia.org/wiki/Saint_Patrick's_Day).

Saí da escola e fui cedo pra lá, cheguei era umas 5:30PM (já disse que tenho bastante tempo livre aqui né?!). Na fila eu entedia tudo que o pessoal da frente falava.. apenas soltei um: PQP, mas a gente encontra brasileiro em tudo conté lugar né! Aí os hermanos já te reconhecem e sabem metade do seu histórico. Inclusive por que eu tava com uma blusa verde..do Ipatinga Futebol Clube (dá-lhe Tigre!!!). Na porta me deixaram passar, beleza.. mostei minha carteira de motorista e entrei (observação: é muito estranho (e até meio aflitivo) quando você só lembra do nome em inglês e não em português por 10 segundos de alguma coisa, como agora -> Driver´s License -> Carteira de motorista, custei a lembrar) . Entrei, mas um dos brasileiros não, por que? Por que estava com uma carteira falsa.. esse hermano hein..


Esse lugar é um imenso pub, imenso mesmo..cabem 2000 pessoas lá. Rodei só um pouco e sentei numa cadeira numa areazinha onde um cara tocava, e eu já estava com minha cerveja verde na mão. Daí um cara puxou papo comigo na esquerda.. 10 segundos depois descobri que ele e as duas mulheres eram brasileiros.. ele inclusive trabalha na Lapa haha, mas nao ficaram lá só por uma hora. Nessa hora eu lamentei um pouco que eu nao estava em outra escola, pessoal mais crescido..outro papo, outra postura. Mas a noite me aguardava surpresas, que fariam esquecer de qualquer outra coisa além de que era St. Patrick´s Day e eu eu estava ali para comemorar.


Continuo eu ali no balcão ouvindo a música alta, bebendo a cerveja verde,.. e me senta um casal do meu lado esquerdo e começamos a conversar um pouco.. daí um tempinho me senta outro casal do meu lado direito.. e comecei a falar com a mulher do meu lado direito, ai ela me vira do nada e fala: Rub my breast to get luck. Observação: Estava escrito na camisa dela: "Rub my breast". Eu só sabia o que era my breast (meus peitos) mas não o resto. Eu perguntei, o que?? e ela repetiu a frase. E de novo eu perguntei, e ela.. e ela: "Esquece..". A mulher do meu lado esquerdo me diz então: Você tem que pegar os peitos dela, tocar. Eu ri um pouco com ela (enquanto lamentava, percebendo o quanto é importante saber inglês nos dias de hoje). Mas nem tudo estava perdido. O namorado dessa mulher pegou meu punho e levou minha mão até o breast da mulher dele e aí eu "Rubbed her breast". Ok, continuamos a conversar.. mas aí essa mulher me pega a minha outra mão e leva até o breast da outra, aí eu Rubbed de novo.

Comentário desnecessário: At this time I already had undestood what "Rub my breast" means, it was not necessary to take my hand..but I wouldn´t complain.. . As it was not enough, the women rubbed theirselves sometimes in that night and I was there, between them. A St. Patrick´s Miracle!"

Depois de um tempo eu resolvi dar uma volta e conhecer o lugar antes de partir.. e acabei me perdendo, lá tem diversos ambientes, aberto e fechados, pra cima e pra baixo..incrível. Quando me achei resolvi ver só mais um lugar e achei uma brasileira e um alemão da escola, mas estavam indo embora.. o grupo de brasileiros não tinha ido para lá. Quando saí no jardim da frente, não na rua mesmo, vi eles esperando outros brasileiros entrarem, acabei ficando com eles. Nós entramos e daí a pouco minha mochila some. Era tanta gente naquele labirinto que eu só dei uns passos e desisti de achar. Ela sumiu por que um grupo se aproximou de onde ela estava, eu vi que tinha gente chegando em volta e quando cheguei lá, já era. Só lamentei em alto.. falando que tinha só papéis e que era St. Patick´s Day, como alguém podia fazer aquilo.. aí um cara ouviu e disse que ia me ajudar. Disse a direção que a mochila foi, mas realmente não tinha esperança.. aquela construção feita como labirinto, cheia num dia de ST.P. Fiquei ali, e acho que por não ter me revoltado de verdade e por ter sido legal com o cara (claro, queria minha mochila de volta), ele como prometeu, trouxe ela de volta pra mim, com tudo dentro. Agradeci ele. Por que? Se eu me revolto com o cara, no futuro, quando eles pegarem coisas de outras pessoas vai ser mais difícil de animarem a devolver pra pessoa. Daí um tempo voltei pra casa. Lição do dia: Estudar mais inglês para receber os milagres de St. Patrick!

Chegando em casa encontrei Robyn...contei o que aconteceu, sobre eu ter rubbed e ter voltado com minha mochila roubada pra casa. Da primeira história a gente só riu. Da segunda eu me emocionei (eufemismo hehehe).. é que me bateu uma revolta, como tem gente que pode agir assim?.. Para mim não é algo tão pequeno, eu acho um grande absurdo alguém chegar e pegar uma coisa sua por que ele quer, não tá nem aí prá ninguém enfim.. enfim bateu uma decepçãocinha momentânea com o mundo, enquanto conversava com Robyn meus olhos foram se enchendo dágua, mas o copo dágua que ela me deu resolveu tudo hehehe

No dia seguinte recebi um link sobre um filme sobre Chico Xavier, resolvi ver o trailer, deu muita vontade de ver. Comecei a procurar coisas sobre ele e vi um monte, video no you tube etc etc, e vendo aquele homem tão bom, com uma história de vida tão bonita, e ele falando é tão bonito..aí imagina o que me aconteceu?? pois é.. incrível!, tão difícil de acontecer (geralmente tem intervalo de ano aí no meio) e me seguem dois dias assim..o que tá acontecendo comigo meu Deus do céu?? hehehe


Ontem

Ontem fui num restaurante Etíope. O lugar é espetacular, pequeno, excelente serviço, excelente comida, excelente preço, só coisa boa. Já tinha ido uma vez com o pessoal da escola, e agora voltei com um pessoal que queria sair ontem. Lá fui eu, com um monte de coreanas, japonesas e uma brasileira, eu era o único homem no meio de 7 mulheres..não lembro de ter saído com 7 mulheres antes. Graças a Deus não passei uma noite ouvindo 7 mulheres falando sobre coisas que nós homens não estamos nem aí. Deu para aproveitar bem a noite e vou procurar um restaurante etíope em São Paulo assim que eu voltar, excelente!


Vida Canadense de verdade?

Tenho pensado em continuar aqui mais 6 meses, ou talvez eu devesse ir para outro país, viver uma vida irlandensa quem sabe. Tenho pensado, e minha dúvida fica no quanto vale a pena eu continuar longe para aprender inglês. Meu inglês está melhorando bastante e sinto que posso me virar em qualquer situação que a vida me exija aqui, até por que eu nasci no Brasil e isso prepara a gente prá muita coisa! Mas percebi que preciso de mais. talvez eu queira demais, mas queria poder conversar sobre qualquer coisa..devo continuar mais um tempo fora? Vale a pena o investimento? Quanto vai ser o retorno?..


Desde que eu cheguei aqui eu tenho oscilado um pouco.. As vezes eu quero voltar pro Brasil, aproveitar nosso país, nossa gente, falar meu idioma..enfim.. a gente tem tanta coisa boa, e as vezes eu sinto falta. Noutras vezes eu acho o Canadá incrível e penso por que não viver e fazer a vida aqui? (depois de terminar a graduação aí, claro). Essas coisas passam na minha cabeça com frequência. Cada lugar tem suas coisas ótimas, e outras nem tão boas assim. Se eu resolvesse ficar por aqui, acho que poderia ter uma vida boa, para dizer em poucas palavras. Mas ia sentir bastante falta do Brasil. Talvez seja normal, e talvez todo mundo, ou quase todo mundo que muda acaba tendo que aprender a conviver com ela: A saudade de algumas coisas que a gente só pode ter em um lugar, em troca de ter algumas coisas boas que só existem no novo lugar. No final das contas é um pouco como Ipatinga e São Paulo, gosto muito das duas cidades, e a vida de cada uma é um tanto diferente, mas quando estou em Ipatinga sinto falta de São Paulo, e quando estou em São Paulo sinto falta de Ipatinga. Poderia eu viver fora do Brasil? Ainda tenho mais alguns meses para descobrir..


Finalmentes

Agora não estou mais em Niagara..só comecei a escrever lá.. e de vez em quando, quando eu estou usando esse computador eu lembro que..

Valeu Mário!! Seu computador está me salvando aqui! Saudades velho(!!!)..e vê se atende o telefone quando eu ligar!


Valeu Raone!! Pouco antes de terminar esse post e eu tenho uma das melhores conversas desde que eu vim prá cá. Você é o cara!!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Por onde come’car um blog???

Nao tenho muita experiencia nisso.. na verdade ‘e a primeira vez que escrevo alguma coisa tao aberta assim, para todo mundo ver.

Se voce esta lendo esse texto deve saber que estou no Canada agora, se nao sabe, nao sei como veio parar aqui, mas pode continuar se quiser.

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O antes

Para escrever sobre essa vida canadense que eu comecei a uma semana, tenho que falar sobre as semanas anteriores, na verdade, meses e anos.

Ha muito tempo eu quería sair um pouco do Brasil, desde novinho na verdade. Com o tempo passando e a necessidade de aprender ingles direito de uma vez por todas, eu decidi, em 2009, vir para o Canada, mais exatamente para Toronto.

Existem tantos países que falam ingles e que eu podía ir. Lembro de 10 paises em menos de 10 segundos (por que eu pesquisei antes, claro). Por que Canada? Por que Toronto?

Sao muitas razoes.. O Canada tem estacoes bem definidas, e em cada uma delas tem coisas diferentes para se aproveitar na cidade. Mais tarde por exemplo, devo voltar para o skating rink para continuar a aprender a patinar no gelo. Mas ‘e bom aproveitar enquanto d’a, por que isso s’o deve durar ate o final de marco.

Mas o clima nao ‘e o único motivo, eu ainda poderia ir para outros lugares. Mas o Canada ‘e o país mais multicultural que eu vi quando ia escolher um lugar para ir. E Toronto ‘e o lugar mais multicultural dentro do Canada. Todo dia eu ouco gente falando diversos idiomas nas ruas e shoppings, aquí realmente tem gente do mundo inteiro. Metade da cidade nao nasceu no Canada. E a outra metade ‘e em grande parte formada por filhos que nasceram desses imigrantes. Muita gente fala ingles nas ruas e o idioma de suas origens dentro de casa.

Queria viver em um país desenvolvido tambem, s’o para ver como ‘e.. e impressiona a diferenca. Minha casa nao tem muros, cercas, nada.. fica sozinha durante o dia, com laptops na sala, tv lcd e tudo mais a disposicao de quem quiser dar uma passada e levar alguma coisa. Minha homestay disse para eu levar a chave nas duas vezes que sa’i aquí a noite, por que ela trancaría a casa antes de dormir, mas ainda nao precisei usar a chave.

Como vim para ficar 6 meses, quería trabalhar tambem, preenche o tempo, me faz conhecer pessoas e me fornece uma grana importante, e o Canada ‘e um dos países que me possibilitavam trabalhar alem de estudar. Vou estudar ingles por 3 meses e depois trabalhar 3 meses , um full-time job. Na verdade, tem tanta coisa boa para comprar e fazer aquí que eu devo comecar a procurar um part-time job daqui uns días para aproveitar mais e aliviar o bolso do papai (alias muito obrigado!! aos meus pais que estao se apertando um pouco mais para eu ter a oportunidade de vir para c’a).

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Desculpe todos esses erros de portugués caro leitor, mas o teclado aquí, junto com a configura’cao dos computadores nao ajuda a escrever no bom e velho portugués. Meu professor de gramatica aqui em Toronto disse que os portugueses nos deram uma bonita lingua, mas est’a difícil deixa-la bonita aqui.

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Indo embora

Dia 01, segunda-feira, teve uma despedidazinha em Ipatinga City, na verdade apenas uma desculpa para ver os amigos, MB!!

Na quinta-feira, cheguei em SP pronto para cuidar de coisas importantes, trancar a faculdade, trocar reias por d’olares (canadenses), fazer minha carteirinha de estudante internacional e o mais importante, fazer uma despedida com o pessoal de SP. Foi no Restaurante `a Mineira, junto com a despedida do Mica que j’a deve estar na Cor’eia (do Sul) agora. Muito bom dia esse a’i, valeu a presen;ca de quem foi, fiquei muito feliz em estar com voces naquela noite.

S’abado peguei o aviao as 22:30 no aeroporto de Guarulhos, com a ajuda de alguns amigos que me levaram l’a (obrigado demais Lu, fico at’e sem gra’ca em receber toda sua solicitude).

Antes de embarcar eu ja comecei a falar com algumas pessoas que estavam na ‘area, a maioria ia para Vancouver. Iam passar em Toronto apenas como escala.

A viagem foi boa e logo no inicio comecei a praticar o ingles, falando com as aeromocas que a pessoa do meu lado estava com um problema de dupla bilhetagem, uma delas me respondia em español, desistiu e acabou falando em ingles. Ela ficou com a cara de quem percebeu que precisa melhorar o español ou talvez ela percebeu que brasileiros nao falam españo, nao sei bem o que ela pensou. Durante a viagem nao dormi muito, mas tem uma telinha na frente da gente que tem um monte de musicas e programas gravados, entao fiquei vendo Two and a Half Men, The Big Bang Theory e conversando com os brasileiros do meu lado, enquanto esperava chegar.

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Entao eu vim para o Canada!

Na chegada, o suspense. Ser’a que vou ser barrado, depois de andar centenas de metros por grandes caminhos vazios, de repente cheguei, com centenas de pessoas em uma grande area e fomos fazendo fila para passar pelos oficiais canadenses, e eu rezando para nao implicarem comigo, at’e por que o meu visto da direito a trabalhar tambem e a economía do Canada nao esta nas melhores agora. Mas deu certo, e foi at’e r’apido. Depois troquei meu dinheiro e peguei minha bagagem.

At’e ese momento eu estava meio perdido, agora eu estaba completamente. Escrevi os nomes das esta’coes ate eu chegar perto da minha homestay, e descobri la no aeroporto que isso nao ia rolar.

Era 6:00 da manha, estaba tudo escuro do lado de fora, quando uma porta abria eu sentía um vento frio como.., frio nao, gelado (-13oC) como eu nunca sentí antes, haviam poucas pessoas no aeroporto inteiro e acabei pegando um trem segundo a instrucao de um senhor que diz ir a SP de vez em quando. L’a eu estava na mesma, sai do nada para lugar nenhum. A instrucao do senhor ate estava correta segundo o caminho que eu havia planejado, mas o único modo de chegar aquela estacao era me rendendo a um taxi, bem mal educado e que nao sabia ingles direito (que nem eu!) o taxi me deixou la, tudo estava tao vazio, no caminho e na estacao, quando sai do taxi e ele foi embora, comecei a vestir minhas luvas e tudo o mais, por que eu ja estava tremendo de frio.

Pronto, agora que eu estava vestido e em condicoes de sobrevivencia eu podía pegar o trem e continuar o camino planejado. Que nada! Descobri naquele lugar perdido do mundo que a estacao nao abria no domingo, nao havia ninguem, s’o um aviso de closed on Sundays. O que eu fiz entao? Peguei outro taxi e desisti do transporte publico, dei o endere’co e la fomos n’os. Tudo bem que o taxi nao sabia bem aonde ia, mas sabia de um ponto de referencia próximo que eu passei a ele. Eu ia olhando a cidade no caminho, eu a achava tao estranha, tudo parecía morto, a natureza,.. tudo! Eu nao sabia onde estava, fora do carro s’o aquele gelo e poucas almas vivas que apareciam vez ou outra. Eu tinha ouvido dizer que Toronto tem milhoes de pessoas, que tem uma grande regiao metropolitana, parecía propaganda engañosa (ainda parece). Talvez eu tenha me acostumado demais com SP onde tudo ‘e crowded.

O taxi me deixou a uns 200, 300 metros de casa, se nao teria que dar uma grande volta para chegar l’a. Nao fosse minha curiosidade em ver tudo novo e diferente, aquele monte de casinhas de tijolinhos, sem cerca e parecendo abandonadas, eu s’o teria encontrado sofrimento nessa caminhada. Eu estava cheio de bagagens, congelando, o ar doia no nariz e nos pulmoes, eu nao podía andar em toda a calcada por que haviam placas de gelo extremamente escorregadias por la. Mas foi uma hora legal.. aquela expectativa de chegar na minha futura casa.. e finalmente, achei.

A casa tinha uma arvore na frente, gelo e muita tralha na pre-entrada. A pre-entrada ‘e um pequeño espaco fechado na entrada, antes que voce de fato entre na sala e outros lugares, serve para voce comecar a se acostumar com a temperatura e deixar os calcados, que acabam deixando gelo no chao e sujam toda a casa. Casas, shoppings, bancos e muitos outros lugares tem essa pre-entrada, mas claro que s’o nas casas vc deixa o cal;cado para tr’as.

Ja cheguei entrando por que sabia que no Canada geralmente nao se tranca a casa (e eu quería sair logo do gelo). Minha homestay (Deborah) apareceu e me recebeu bem simp’atica. Coloquei minhas coisas no quarto, gostei bem dele. Depois fui para a sala conversar com ela e comer.

Comecei a conhecer a comida canadense. Viva os waffles! Oh coisa boa, coberto com um caldo feito com base adivinha no que.. com Mapple Leafs, aquela ‘arvore que ‘e o símbolo do Pais e tem uma folha na bandeira. Os canadenses literalmente comem a arvore, e o pior ‘e que ‘e bom.

A tarde fui com Deborah e um cara da Colombia (Juan) fazer compras, comecei a pesquisar roupas, calcados e celular, nao comprei naquela hora por que nao sabia o quanto eu ia precisar e ainda nao tinha nocao nenhuma de pre;co. Eu via botas de inverno por 100 d’olares e nao sabia se o normal era 50 ou 200, it`s a whole new world.

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O primeiro dia na vida real

Na segunda, conheci o metro de Toronto, o bom ‘e que aquí nunca fica lotado, no máximo voce fica de pe. Al’em disso, todo mundo espera lateralmente que as pessoas saiam, e s’o depois elas entram, ‘e tao simples e funciona tao bem, vendo isso voce se pregunta, por que nao ‘e assim tambem em SP? Conheci os streetcars, muito bons tamb’em, aquí tem a maior rede de bondes em uso no mundo (se eu estiver lembrando corretamente), ‘e confortavel, rápido e aquecido.

Cheguei na escola entao e la recebi um monte de informa’coes sobre a escola, como por exemplo, s’o falar ingles la dentro, se nao recebo advertencia ou sou at’e expulso, na terceira vez em que for pego. Conheci uns brasileiros e um alemao, que se juntou a nos ap’os o teste de nivel (mas cada um ta em um n’ivel) e fomos comer pizza. Depois disso, um dos melhores momentos, saimos para o Eaton Centre, que ‘e o maior shopping de Toronto e depois fomos para o City Hall, onde alugando patins, eu fui aprender a patinar no gelo. Para quem sabe patinar, l’a ‘e otimo. Area boa e bem downtown. Para quem nao sabe, voce fica l’a sem ter onde segurar e torcendo para que ninguem ria dos seus tombos e falta de habilidade. Por que os cientistas ainda descobrirao algum gene que faz com que os canadenses saibam patinar tao bem. Vi criancas de menos de 5 anos fazendo tudo com a maior naturalidade (e sempre me ultrapassando).

Um senhor de 70 anos ficou me ensinando. Ele foi bem paciente e legal. Agradeci mesmo ele. Eu quería que ele me visse hoje, sendo ultrapassado pela maioria das pessoas, mas nao por todo mundo.

Esse dia foi muito bom, foi o dia em que comecei a conhecer a cidade de verdade. E talvez por ser muito fácil andar em Toronto, dei umas boas voltas.

Na noite de segunda ou terca que eu estava escrevendo um e-mail para uma pessoa no Brasil e o negocio tava ficando grande.Tudo deu pau e eu perdi. Maravilha! Esse post eu estou escrevendo atrav’es dos días, e salvando toda hora.

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Os dias seguintes

De terca a sexta, eu e a galera da escola fica s’o tentando descobrir o que vai fazer depois da aula, por que no fundo, somos um bando de atoas no momento. Entao acabamos indo comprar alguma coisa que precisamos, pois acabamos de chegar, vamos patinar ou comer alguma coisa, ou mesmo, voltar para casa, por que com esse tempo nao d’a vontade de ficar fora por muito tempo.

Na minha sexta-feira eu fui a uma boate que ia comemorar o carnaval.. tava muito bom, mas nao deu para ficar a noite inteira. De vez em quando a gente arruma alguma coisa boa para fazer, mas ja percebi que o inverno nao ‘e o periodo ideal para aproveitar a cidade. Frio ‘e bom, gelo nao.

Ontem, uma sexta-feira, eu fui com uma galera ( eu nao conhecia quase ninguem) para beber um pouco e curtir o inicio do final de semana.. foi um dos melhores días, se nao o melhor, que tive aquí.

Primeiro por que a temperatura estava em torno de 0 graus, foi a primeira vez que eu pude andar na rua sem o casaco, s’o com uma blusa de frio aberta e um gorro, tava bom demais!.. incr’vel como a gente se adapta. Achamos o lugar que os corenaos indicaram.. quando eu estava chegando, achei que era um restaurante coreano, mas era o bar/restaurante do lado.. parecía ingles. E era muito bom. Mas foi mesmo pela galera, coreanos e japoneses (conheci um monte aquí e praticamente todos sao bem legais),mexicanas e brasileiros, foi uma mistura que deu certo! Acho que todo mundo se divertiu bastante e eu at’e cheguei a fazer aquela brinde do.. e acendere.. e descenderé, s’o que em ingles, claro, e todo mundo levantando seus copos e cheirando, observando, comentando.. e finalmente bebendo!

Agora ‘e s’abado, 12:16.. as 14.00 eu vou para a Dundas (fala-se Dandas) station, para ir conhecer um tal de Habour Front com uma brasileira (de G’oias) bem gente fina l’a da escola. J’a ouvi falar muito nesse lugar e dizem que ‘e muito legal e bonito, fica na beira do lago (Lago Ontario, um daqueles imensos lagos na Am. do Norte onde cabem navios e esse em espec’ifico alimenta as Niagaras Falls, que nao est~ao muito longe daqui), entao vc tem downtown de uma lado com a CN Tower e tudo o mais (a Torre de centenas de metros de altura, um barato!), o que ‘e muito bonito e o lago do outro.. com lugares para andar, patinar no gelo. Na primavera/verao, segundo minha homestay, tem eventos todos os dias l’a pro povo da cidade ir.

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O blog e agradecimentos

Escrever um blog da trabalho.. acabei escrevendo tanto que nem foi tudo no mesmo dia. Mas ‘e que agora eu tinha tanto o que falar.. at’e de antes da viagem.. acho que serei mais breve no futuro. Mas nao garanto.

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Obrigado a todos que me ajudaram a chegar em Toronto (e ainda ajudam enquanto eu estou aqui)!!!

Meus pais, Andr’e Luiz Rezende de Oliveira e Regina C’elia de Moura Oliveira (muito obrigado!!!!! Voces foram/sao demais!!!!), minha irm’a Andressa Cristina de Moura Oliveira, seu M’ario L’ucio Correa Neto, Luciane Enokida, Taciana da Just Intercambios, aos amigos do meu pai que me deram dicas e me emprestaram roupas tao soclitamente para chegar aquí mais preparado, e muitos outros que as vezes em pequeñas conversas me ajudaram a conseguir conquistar essa viagem!

Muito obrigado a todos!